Por Luís Lima, para VEJA.com
Em almoço com
empresários promovido pelo Grupo Lide na segunda-feira, 22, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (FHC), cobrou responsabilidade do governo federal em
relação aos escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente manifestou
indignação com as denúncias envolvendo diretores e partidos políticos — e a
indiferença do governo federal em relação ao material revelado pela imprensa. “Ou
(o governo) é conivente ou é incompetente”, disse o ex-presidente. “(O governo)
Tem de ser cobrado, pela razão de que é preciso restabelecer a decência do Brasil.
Acredito na decência da presidente Dilma Rousseff, mas isso não a exime de sua responsabilidade”,
disse.
Questionado
sobre possível apoio do PSDB a Marina no segundo turno, caso o tucano Aécio
Neves não avance na disputa, FHC desconversou: “Uma coisa aprendi na política.
Cada passo na sua hora. E o passo agora é Aécio”, afirmou. Depois de recuar ao
longo do mês de agosto, o candidato tucano vem recuperando pontos nas pesquisas
de intenção de voto. No último levantamento do Datafolha, Aécio tinha 17% das
intenções, diminuindo a distância em relação à segunda colocada, Marina Silva,
que se manteve com 30 pontos.
FHC também
aproveitou a oportunidade para alfinetar Dilma Rousseff. Ele lembrou as
críticas que a candidata à reeleição fez de que o governo FHC quebrou duas
vezes por causa de ter pedido empréstimos ao Fundo Monetário Internacional
(FMI). “Dilma não sabe economia, por isso que não foi doutora pela Unicamp”,
disparou.
O ex-presidente voltou a criticar
o conhecimento de Dilma na área econômica. Questionado sobre a fala da
presidente de que o Brasil não cresce tanto por conta do cenário de
desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos, dada em entrevista à
TV Globo na manhã desta segunda, ele afirmou: “Os EUA já estão se recuperando.
Há cinco anos os EUA vão para frente e o Brasil vai para trás. Não sei como
Dilma é economista”, rebatou.
Segundo FHC, o
Brasil está, aos poucos “perdendo o rumo”, ou seja, sua “visão estratégica”, e
que o país já não sabe mais onde está. “No âmbito da política externa, perdemos
a noção de que pertencemos a um lado, do Ocidente. Hoje, o país não sabe onde
está”, afirmou. ”Escolhemos o ‘sul’, mas não tem razão para escolher ficar de
um lado só. Esquecemos o Ocidente e fomos nos isolando”, afirmou,
exemplificando sua fala com a falta de acordos comerciais do Brasil.
Ainda de
acordo com FHC, hoje há um “mal marketing” por parte do governo, que pinta um
cenário perfeito. “O governo cria uma ilusão de que está tudo maravilhoso”, concluiu.
Para tentar recuperar espaço na corrida, o PSDB tem lançado mão do discurso de indignação, sobretudo em relação
aos acontecimentos envolvendo a Petrobras e outros escândalos de corrupção no
governo. Sobre isso, o ex-presidente disse que é preciso dramatizar alguns
fatos para que a população entenda o que está acontecendo no âmbito do poder. “O
que acontece na Petrobras é passível de dramatização. Ela exemplifica o que
acontece em muitos outros lugares (da política). A gente, que está informado da
vida pública, sabe disso. Então é preciso mais indignação”, disse.
Para o
ex-presidente, ou o Brasil passa a limpo casos como o da estatal, ou os mesmos
erros se repetirão no futuro. “Pessoalmente não gosto de atacar ‘A’, ‘B’ ou
‘C’, mas é o Brasil que está em jogo. Houve um assalto aos cofres públicos”,
disse. Segundo ele, os recursos desviados da estatal estão sendo usados, no
mínimo, para fins político-partidários, e, na pior das hipóteses para fins
pessoais. Ele lembra que Dilma foi presidente do conselho da Petrobras e
ministra de Minas e Energia e disse que ela também deve se mostrar indignada com
o caso. “Tem que apurar, se não passa para história uma dúvida”.
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